Alimento para a mente
Filha, vem ver!! Vem aqui sentir o perfume desse melão que eu acabei de abrir. Olha que coisa fantástica, a natureza é mesmo perfeita”. Frases como esta eram cotidianas, principalmente perto do horário de almoço aos sábados quando, depois de madrugar no Ceasa meu pai voltava para casa com caixas de frutas, verduras e legumes para abastecer a casa e cortava algumas delas para comermos, enquanto contava suas histórias da feira. Mas conta a lenda familiar, que nem sempre havia sido assim. Que quando mais jovem, meu pai não sabia comer frutas e legumes e que, por influência dos hábitos da minha mãe, passou não só a comer, mas também…
Aqui, uma balinha pra você…
Tadinho, vai passar vontade… Perdi a conta das vezes em que alguém diretamente me disse isso ou expressou desaprovação, na forma de expressões faciais ou comentários passivo-agressivos, por eu categoricamente restringir o consumo do meu filho de alguns alimentos específicos. Estamos falando de frituras, balas e doces, ultraprocessados (salgadinhos, sorvetes industrializados, nuggets), embutidos (hot dogs, principalmente), refrigerantes. A expressão é legítima: vem de uma percepção de que, estando inseridos em um contexto em que a maioria das crianças comem (e bebem) essas coisas e que nossas próprias memórias gostosas de infância incluem parques de diversão com algodão doce, festas juninas com pé de moleque, bolo com sorvete e coca cola…
Reeducação alimentar infantil
A qualidade da alimentação das nossas crianças é um dos blocos mais fundamentais para o seu desenvolvimento. Tão fundamental, que saúde (física e mental) e educação dependem dela. A desnutrição é um problema grave de populações mais carentes, não só no Brasil, mas também em outros países. Não nos damos conta de que, além de representar prejuízos significativos às crianças que crescem sem nutrição adequada, torna-se também um problema de saúde pública quando doenças na infância, adolescência e idade adulta aparecem em decorrência disso e os estados, através de seus sistemas de saúde, precisam tratar estes pacientes muitas vezes com condições crônicas. Problemas relacionados à nutrição, no entanto, não aparecem…
Alimentação saudável e o contexto das escolas
Em muito caminhamos na consciência das escolas infantis e de ensino fundamental sobre a necessidade da aplicação e ensino sobre uma alimentação saudável. E em muito ainda nos falta caminhar. Falando especificamente no ensino particular (sobre as escolas públicas falamos em outro momento), escolas com diferentes filosofias de abordagem, somadas ao caráter heterogêneo de práticas alimentares e valores adotados por famílias de cada aluno, torna este um ambiente complexo de mensagens, práticas, regras, bons e maus exemplos. A filosofia de ensino que mais se aproxima de um modelo de ensino sobre alimentação realmente saudável é o sistema Waldorf. As demais, apenas pincelam a qualidade da alimentação como prioridade escolar –…
Quarentena: falta de tempo para dedicar a refeições saudáveis
No início do isolamento social no Brasil, fiz uma live com o Dr. Rafael Reinehr falando sobre saúde e imunidade na quarentena. Era apenas o começo, mas já estávamos falando nas pessoas que se viram desempenhando múltiplos papéis dentro de casa, sem separação de tempo e espaço, e começaram a sentir dificuldades em manter os níveis ideais de alimentação que mantinham antes. É o caso de muitas mães, que de repente se viram precisando exercer todos os seus papéis simultaneamente: as tarefas da casa, o trabalho à distância, preparar 3 refeições e lanches para a família, lavar e passar as roupas, ser a professora dos filhos, gerenciar as atividades das…
Os lanches escolares mais comuns e seus problemas
Na segunda escola infantil onde meu filho estudou, eu tive a oportunidade de permanecer nas áreas comuns por alguns períodos e caminhar pela área de refeições durante o horário do lanche. Nessas ocasiões, observei atentamente o conteúdo das lancheiras de 3 salas com aproximadamente 20 alunos cada, bem como o comportamento das crianças e a interação delas com o lanche. O que observei não me surpreendeu – mas confirmou uma suspeita que eu já tinha há tempos: que a praticidade costuma se sobrepor à priorização de qualidade alimentar na escolha do lanche pelas famílias. As razões para isso são diversas: falta de tempo, falta de conhecimento e informação, dificuldade de…